“Chove Chuva ...”
(“Rain Drops Are
Falling on my Head...” - This text is
written in a way to ease comprehensive electronic translations9
Klaus H. G.
Rehfeldt
Não haveria vida em
nosso planeta sem a permanente circulação da água, continuamente passando pelos
ciclos de evaporação e precipitação. Entretanto, a intensidade desses fenômenos
naturais não é constante. Trata-se de fenômenos naturais que, apesar de parecerem
aleatórios, obedecem à rígidas lei físicas.
Em
princípio, a evaporação se dá em decorrência do aquecimento da água de rios,
lagos e mares, quando átomos ou moléculas no estado líquido ganham energia
suficiente para passar ao estado gasoso, misturando-se à atmosfera.
Paralelamente, existe a evaporação parcial ou total da água consumida pela
fauna e flora, significativamente menor, mas ainda expressiva quando
consideramos que uma árvore adulta da floresta amazônica pode evaporar até 1.000
litros por dia (vide texto “Os Rios Flutuantes” no mesmo blog).
O ciclo da água se completa com a precipitação da água evaporada
e contida na atmosfera em forma d chuva, granizo ou neve. Como sabemos não se
trata de um fenômeno contínuo, mas episódico, ou seja, em determinadas
condições a atmosfera descarrega a água em forma de vapor de água e condensada
nas nuvens.
Entretanto é preciso observar que os diversos tipos de nuvens
causam nenhuma, ou diferentes tipos de precipitação. Assim, nuvens altas entre
6.000 e 13.000 m de altura (nuvens cirrus) não provocam chuvas, apenas são
sinais de mudanças de tempo. Já as nuvens de média altura, isso é, 2.000 a
6.000 m (altostratus e altocumulus), são nuvens que produzem chuvas de pouca
intensidade, mas prolongadas. Há ainda as nuvens de baixa altura, até 2.000 m
(diversos tipos de stratus), cujas precipitações podem variar entre garoa a chuva moderada a forte e contínua, ou neve;
associadas a sistemas frontais, isso é, e grande extensão. Por fim, temos as nuvens
chamadas de desenvolvimento vertical (cumulus e cumulonimbus), que costumam
causar chuvas intensas (trovoadas, granizo, e chuvas torrenciais) e podem
causar tempestades severas.
Aqui impõe-se a pergunta: quanta água está contida numa nuvem? Base para
essa resposta é saber a capacidade máxima de vapor d’água no ar com humidade de
saturação (100%). Essa capacidade varia de acordo com a temperatura do ar,
variando de 9,4 g/m3 a 10º C para 30,4 g/m3 a 30º C, e para
51,1 g/m3 a 40º C, ou seja, nessa faixa entre 10o C e 40o
C, essa capacidade aumenta em espantosos 540%.
Ao focar o volume de água contida nos dois tipos de nuvem mais comum com
relação às precipitações, temos as nuvens stratocumulos (chuvas moderadas e prolongadas)
e cumulonimbus (chuva intensa, tempestade).
Uma nuvem stratocumulus retém dezenas a centenas de toneladas de água,
mas sua precipitação é mínima devido à distribuição de gotículas e à
estabilidade atmosférica típica dessas nuvens. Suas precipitações podem ocorrer
em qualquer época do ano. E a cada variação positiva de 5º C, a capacidade de
retenção de água aumenta de 40 a 50%, isso é, elas tendem a ser mais volumosas
e prolongadas no verão do que no inverno.
No caso das cumulonimbus,
uma nuvem típico pode se estender um volume de 1 a
10 quilômetros cúbicos (1 km³ = 1 bilhão de metros cúbicos). Nuvens maiores,
como as supercélulas, podem ultrapassar 15 km de altura e ter volumes ainda
maiores. Por outro lado, a capacidade de retenção de água varia de 1 a 3 gramas
por metro cúbico (g/m³). Dessa maneira, uma nuvem média desse tipo contém aproximadamente 500.000
a 1 milhão de toneladas de água. Essa variação depende do tamanho da nuvem e da
densidade de água em seu interior. Para referência, 1 milhão de toneladas
equivale a cerca de 1 bilhão de litros de água.
Semelhante ao caso das nuvens stratocumulus, para cada aumento de 1°C, a
capacidade de reter vapor de água de uma cumulonimbus cresce aproximadamente
6–7%. Isso significa que com uma variação de 5º C (nada incomum em tempos de
verão), de 675.000 a 1.350.000 toneladas de chuva a mais sobre os valores acima
podem contribuir para encharcar o solo ou elevar inundações já existentes. Ao
lado disso, movimentações atmosféricas com temperaturas mais elevadas
concentram mais energia, resultando em dinâmicas mais intensas na forma de
ventos mais fortes e mais velozes.
Até aqui, a teoria. A prática podemos observar nos noticiários ao redor
do globo. Não há como negar que ao longo dos últimos anos tivemos temperaturas
gradativamente mais brandas no inverno e sempre mais elevadas no verão.
Portanto, se essa tendência continuar, devemos contar com cada vez maior número,
e cada vez mais severas enchentes no futuro. Um agravante dessa realidade é que
um aumento médio de temperaturas causa picos positivos desproporcionalmente
maiores e, negativos, menores.
Resultado: se conhecemos as causas dessa elevação das temperaturas, urge
reagir, se não as conhecemos – é o excesso de CO2? o CO2 é apenas parte do
prolema? ... –, está na hora de procurar compreendê-las. O que não podemos é
ignorar ou negar a realidade em mutação.